quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A CARTEIRA - Machado de Assis


   ...DE REPENTE, Honório olhou para o chão e viu uma carteira. Abaixar-se, apanhá-la e guardá-la foi obra de alguns instantes. Ninguém o viu, salvo um homem que estava à porta de uma loja, e que, sem o conhecer, lhe disse rindo: 
    - Olhe, se não dá por ela; perdia-a de uma vez. 
    - É verdade, concordou Honório envergonhado. 
    Para avaliar a oportunidade desta carteira, é preciso saber que Honório tem de pagar amanhã uma dívida, quatrocentos e tantos mil-réis, e a carteira trazia o bojo recheado. A dívida não parece grande para um homem da posição de Honório, que advoga; mas todas as quantias são grandes ou pequenas, segundo as circunstâncias, e as dele não podiam ser piores. Gastos de família excessivos, a princípio por servir a parentes, e depois por agradar à mulher, que vivia aborrecida da solidão; baile daqui, jantar dali, chapéus, leques, tanta cousa mais, que não havia remédio senão ir descontando o futuro. Endividou-se. Começou pelas contas de lojas e armazéns; passou aos empréstimos, duzentos a um, trezentos a outro, quinhentos a outro, e tudo a crescer, e os bailes a darem-se, e os jantares a comerem-se, um turbilhão perpétuo, uma voragem. 
    - Tu agora vais bem, não? dizia-lhe ultimamente o Gustavo C..., advogado e familiar da casa. 
    - Agora vou, mentiu o Honório. 
    A verdade é que ia mal. Poucas causas, de pequena monta, e constituintes remissos; por desgraça perdera ultimamente um processo, em que fundara grandes esperanças. Não só recebeu pouco, mas até parece que ele lhe tirou alguma cousa à reputação jurídica; em todo caso, andavam mofinas nos jornais. 
    D. Amélia não sabia nada; ele não contava nada à mulher, bons ou maus negócios. Não contava nada a ninguém. Fingia-se tão alegre como se nadasse em um mar de prosperidades. Quando o Gustavo, que ia todas as noites à casa dele, dizia uma ou duas pilhérias, ele respondia com três e quatro; e depois ia ouvir os trechos de música alemã, que D. Amélia tocava muito bem ao piano, e que o Gustavo escutava com indizível prazer, ou jogavam cartas, ou simplesmente falavam de política. 
    Um dia, a mulher foi achá-lo dando muitos beijos à filha, criança de quatro anos, e viu-lhe os olhos molhados; ficou espantada, e perguntou-lhe o que era. 
    - Nada, nada. 
    Compreende-se que era o medo do futuro e o horror da miséria. Mas as esperanças voltavam com facilidade. A idéia de que os dias melhores tinham de vir dava-lhe conforto para a luta. Estava com, trinta e quatro anos; era o princípio da carreira: todos os princípios são difíceis. E toca a trabalhar, a esperar, a gastar, pedir fiado ou emprestado, para pagar mal, e a más horas. 
    A dívida urgente de hoje são uns malditos quatrocentos e tantos mil-réis de carros. Nunca demorou tanto a conta, nem ela cresceu tanto, como agora; e, a rigor, o credor não lhe punha a faca aos peitos; mas disse-lhe hoje uma palavra azeda, com um gesto mau, e Honório quer pagar-lhe hoje mesmo. Eram cinco horas da tarde. Tinha-se lembrado de ir a um agiota, mas voltou sem ousar pedir nada. Ao enfiar pela Rua da Assembléia é que viu a carteira no chão, apanhou-a, meteu no bolso, e foi andando. 
    Durante os primeiros minutos, Honório não pensou nada; foi andando, andando, andando, até o Largo da Carioca. No Largo parou alguns instantes, - enfiou depois pela Rua da Carioca, mas voltou logo, e entrou na Rua ruguaiana. Sem saber como, achou-se daí a pouco no Largo de S. Francisco de Paula; e ainda, sem saber como, entrou em um Café. Pediu alguma cousa e encostou-se à parede, olhando para fora. Tinha medo de abrir a carteira; podia não achar nada, apenas papéis e sem valor para ele. Ao mesmo tempo, e esta  era a causa principal das reflexões, a consciência perguntava-lhe se podia utilizar-se do dinheiro que achasse. Não lhe perguntava com o ar de quem não sabe, mas antes com uma expressão irônica e de censura. Podia lançar mão do dinheiro, e ir pagar com ele a dívida? Eis o ponto. A consciência acabou por lhe dizer que não podia, que devia levar a carteira à polícia, ou anunciá-la; mas tão depressa acabava de lhe dizer isto, vinham os apuros da ocasião, e puxavam por ele, e convidavam-no a ir pagar a cocheira. Chegavam mesmo a dizer-lhe que, se fosse ele que a tivesse perdido, ninguém iria entregar-lha; insinuação que lhe deu ânimo. 
    Tudo isso antes de abrir a carteira. Tirou-a do bolso, finalmente, mas com medo, quase às escondidas; abriu-a, e ficou trêmulo. Tinha dinheiro, muito dinheiro; não contou, mas viu duas notas de duzentos mil-réis, algumas de cinqüenta e vinte; calculou uns setecentos mil-réis ou mais; quando menos, seiscentos. Era a dívida paga; eram menos algumas despesas urgentes. Honório teve tentações de fechar os olhos, correr à cocheira, pagar, e, depois de paga a dívida, adeus; reconciliar-se-ia consigo. Fechou a carteira, e com medo de a perder, tornou a guardá-la. Mas daí a pouco tirou-a outra vez, e abriu-a, com vontade de contar o dinheiro. Contar para quê? era dele? Afinal venceu-se e contou: eram setecentos e trinta mil-réis. Honório teve um calafrio.
Ninguém viu, ninguém soube; podia ser um lance da fortuna, a sua boa sorte, um anjo... Honório teve pena de não crer nos anjos... Mas por que não havia de crer neles? E voltava ao dinheiro, olhava, passava-o pelas mãos; depois, resolvia o contrário, não usar do achado, restituí-lo. Restituí-lo a quem? Tratou de ver se havia na carteira algum sinal. "Se houver um nome, uma indicação qualquer, não posso utilizar-me do dinheiro," pensou ele. 
    Esquadrinhou os bolsos da carteira. Achou cartas, que não abriu, bilhetinhos dobrados, que não leu, e por fim um cartão de visita; leu o nome; era do Gustavo. Mas então, a carteira?... Examinou-a por fora, e pareceu-lhe efetivamente do amigo. Voltou ao interior; achou mais dous cartões, mais três, mais cinco. Não havia duvidar; era dele.
    A descoberta entristeceu-o. Não podia ficar com o dinheiro, sem praticar um ato ilícito, e, naquele caso, doloroso ao seu coração porque era em dano de um amigo. Todo o castelo levantado esboroou-se como se fosse de cartas. Bebeu a última gota de café, sem reparar que estava frio. Saiu, e só então reparou que era quase noite. Caminhou para casa. Parece que a necessidade ainda lhe deu uns dous empurrões, mas ele resistiu. 
    "Paciência, disse ele consigo; verei amanhã o que posso fazer." 
    Chegando a casa, já ali achou o Gustavo, um pouco preocupado. E a própria D. Amélia o parecia também. Entrou rindo, e perguntou ao amigo se lhe faltava alguma cousa. 
    - Nada. 
    - Nada? 
    - Por quê? 
    - Mete a mão no bolso; não te falta nada? 
    - Falta-me a carteira, disse o Gustavo sem meter a mão no bolso. 
Sabes se alguém a achou? 
    - Achei-a eu, disse Honório entregando-lha. 
    Gustavo pegou dela precipitadamente, e olhou desconfiado para o 
amigo. Esse olhar foi para Honório como um golpe de estilete; depois de tanta luta com a necessidade, era um triste prêmio. Sorriu amargamente; e, como o outro lhe perguntasse onde a achara, deu-lhe as explicações precisas. 
    - Mas conheceste-a? 
    - Não; achei os teus bilhetes de visita. 
    Honório deu duas voltas, e foi mudar de toilette para o jantar. Então Gustavo sacou novamente a carteira, abriu-a, foi a um dos bolsos, tirou um dos bilhetinhos, que o outro não quis abrir nem ler, e estendeu-o a D. Amélia, que, ansiosa e trêmula, rasgou-o em trinta mil pedaços: era um bilhetinho de amor. 

IDÉIAS DO CANÁRIO - Machado de Assis

        UM HOMEM dado a estudos de ornitologia, por nome Macedo, referiu a alguns amigos um caso tão extraordinário que ninguém lhe deu crédito. Alguns chegam a supor que Macedo virou o juízo. Eis aqui o resumo da narração. 
        No princípio do mês passado, - disse ele, -  indo por uma rua, sucedeu que um tílburi à disparada, quase me  atirou ao chão. Escapei saltando para dentro de urna loja de belchior. Nem o estrépito do cavalo e do veículo, nem  a minha entrada fez levantar o dono do negócio, que cochilava ao fundo, sentado numa cadeira de abrir. Era um frangalho de homem, barba cor de palha suja, a cabeça enfiada em um gorro esfarrapado, que provavelmente não achara comprador. Não se adivinhava nele nenhuma história, como podiam ter alguns dos objetos que vendia, nem se lhe sentia a tristeza austera e desenganada das vidas que foram vidas. 
        A loja era escura, atualhada das cousas velhas, tortas, rotas, enxovalhadas, enferrujadas que de ordinário se acham em tais casas, tudo naquela meia desordem própria do negócio. Essa mistura, posto que banal, era interessante. Panelas sem tampa, tampas sem panela, botões, sapatos, fechaduras, uma saia preta, chapéus de palha e de pêlo, caixilhos, binóculos, meias casacas, um florete, um cão empalhado, um par de chinelas, luvas, vasos sem nome, dragonas, uma bolsa de veludo, dous cabides, um bodoque, um termômetro, cadeiras, um retrato litografado pelo finado Sisson, um gamão, duas máscaras de arame para o carnaval que há de vir, tudo isso e o mais que não vi ou não me ficou de memória, enchia a loja nas imediações da porta, encostado, pendurado ou exposto em caixas de vidro, igualmente velhas. Lá para dentro, havia outras cousas mais e muitas, e do mesmo aspecto, dominando os objetos grandes, cômodas, cadeiras, camas, uns por cima dos outros, perdidos na escuridão. 
        Ia a sair, quando vi uma gaiola pendurada da porta. Tão velha como o resto, para ter o mesmo aspecto da desolação geral, faltava-lhe estar vazia. Não estava vazia. Dentro pulava um canário. A cor, a animação e a graça do passarinho davam àquele amontoado     de destroços uma nota de vida e de mocidade. Era o último passageiro de algum naufrágio, que ali foi parar íntegro e alegre como dantes. Logo que olhei para ele, entrou a saltar mais abaixo e acima, de poleiro em poleiro, como se quisesse dizer que no meio daquele cemitério brincava um raio de sol. Não atribuo essa imagem ao canário, senão porque falo a gente retórica; em verdade, ele não pensou em cemitério nem sol, segundo me disse depois. Eu, de envolta com o prazer que me trouxe aquela vista, senti-me indignado do destino do pássaro, e murmurei baixinho palavras de azedume. 
        -  Quem seria o dono execrável deste bichinho, que teve ânimo 
de se desfazer dele por alguns pares de níqueis? Ou que mão indiferente, não querendo guardar esse companheiro de dono defunto, o deu de graça a algum pequeno, que o vendeu para ir jogar uma quiniela? 
        E o canário, quedando - se em cima do poleiro, trilou isto: 
        -  Quem quer que sejas tu, certamente não estás em teu juízo. Não tive dono execrável, nem fui dado a nenhum menino que me vendesse. São imaginações de pessoa doente; vai-te curar, amigo...
        - Como ? - interrompeu, sem ter tempo de ficar espantado. 
Então o teu dono não te vendeu a esta casa? Não foi a miséria ou a ociosidade que te trouxe a este cemitério, como um raio de sol? 
        -  Não sei que seja sol nem cemitério. Se os canários que tens visto usam do primeiro desses nomes, tanto melhor, porque é bonito, mas estou que confundes. 
        -  Perdão, mas tu não vieste para aqui à toa, sem ninguém, salvo se o teu dono foi sempre aquele homem que ali está sentado. 
        -  Que dono? Esse homem que aí está é meu criado, dá-me água e comida todos os dias, com tal regularidade que eu, se devesse pagar-lhe os serviços, não seria com pouco; mas os canários não pagam criados. Em verdade, se o mundo é propriedade dos canários, seria extravagante que eles pagassem o que está no mundo. 
        Pasmado das respostas, não sabia que mais admirar, se a linguagem, se as idéias. A linguagem, posto me entrasse pelo ouvido como de gente, saía do bicho em trilos engraçados. Olhei em volta de mim, para verificar se estava acordado; a rua era a mesma, a loja era a mesma loja escura, triste e úmida. O canário, movendo a um lado e outro, esperava que eu lhe falasse. Perguntei-lhe então se tinha saudades do espaço azul e infinito... 
        -  Mas, caro homem, trilou o canário, que quer dizer espaço  azul e infinito? 
        -  Mas, perdão, que pensas deste mundo? Que cousa é o mundo? 
        -  O mundo, redargüiu o canário com certo ar de professor, o mundo é uma loja de belchior, com uma pequena gaiola de taquara, quadrilonga, pendente de um prego; o canário é senhor da gaiola que habita e da loja que o cerca. Fora daí, tudo é ilusão e mentira.
        Nisto acordou o velho, e veio a mim arrastando os pés. Perguntou-me se queria comprar o canário. Indaguei se o adquirira, como o resto dos objetos que vendia, e soube que sim, que o comprara a um barbeiro, acompanhado de uma coleção de navalhas. 
        - As navalhas estão em muito bom uso, concluiu ele. 
        - Quero só o canário. 
        Paguei-lhe o preço, mandei comprar uma gaiola vasta, circular, de madeira e arame, pintada de branco, e ordenei que a pusessem na varanda da minha casa, donde o passarinho podia ver o jardim, o repuxo e um pouco do céu azul. 
        Era meu intuito fazer um longo estudo do fenômeno, sem dizer nada a ninguém, até poder assombrar o século com a minha extraordinária descoberta. Comecei por alfabeto a língua do canário, por estudar-lhe a estrutura, as relações com a música, os sentimentos estéticos do bicho, as suas idéias e reminiscências. Feita essa análise filológica e psicológica, entrei propriamente na história dos canários, na origem deles, primeiros séculos, geologia e flora das ilhas Canárias, se ele tinha conhecimento da navegação, etc. Conversávamos longas horas, eu escrevendo as notas, ele esperando, saltando, trilando. 
        Não tendo mais família que dous criados, ordenava-lhes que não me interrompessem, ainda por motivo de alguma carta ou telegrama urgente, ou visita de importância. Sabendo ambos das minhas ocupações científicas, acharam natural a ordem, e não suspeitaram que o canário e eu nos entendíamos. 
        Não é mister dizer que dormia pouco, acordava duas e três vezes por noite, passeava à toa, sentia-me com febre. Afinal tornava ao trabalho, para reler, acrescentar, emendar. Retifiquei mais de uma observação, -  ou por havê-la entendido mal, ou porque ele não a tivesse expressado claramente. A definição do mundo foi uma delas. Três semanas depois da entrada do canário em minha casa, pedi-lhe que me repetisse a definição do mundo. 
        -  O mundo, respondeu ele, é um jardim assaz largo com repuxo no meio, flores e arbustos, alguma grama, ar claro e um pouco de azul por cima; o canário, dono do mundo, habita uma gaiola vasta, branca e circular, donde mira o resto. Tudo o mais é ilusão e mentira.
        Também a linguagem sofreu algumas retificações, e certas conclusões, que me tinham parecido simples, vi que eram temerárias. Não podia ainda escrever a memória que havia de mandar ao Museu Nacional, ao Instituto Histórico e às universidades alemãs, não porque faltasse matéria, mas para acumular primeiro todas as observações e ratificá-las. Nos últimos dias, não saía de casa, não respondia a cartas, não quis saber de amigos nem parentes. Todo eu era canário. De manhã, um dos criados tinha a seu cargo limpar a gaiola e pôr-lhe água e comida. O passarinho não lhe dizia nada, como se soubesse que a esse homem faltava qualquer preparo científico. Também o serviço era o mais sumário do mundo; o criado não era amador de pássaros. 
        Um sábado amanheci enfermo, a cabeça e a espinha doíam-me. O médico ordenou absoluto repouso; era excesso de estudo, não devia ler nem pensar, não devia saber sequer o que se passava na cidade e no mundo. Assim fiquei cinco dias; no sexto levantei-me, e só então soube que o canário, estando o criado a tratar dele, fugira da gaiola. O meu primeiro gesto foi para esganar o criado; a indignação sufocou-me, caí na cadeira, sem voz, tonto. O culpado defendeu-se, jurou que tivera cuidado, o passarinho é que fugira por astuto... 
        -  Mas não o procuraram? 
        -  Procuramos, sim, senhor; a princípio trepou ao telhado, trepei também, ele fugiu, foi para uma árvore, depois escondeu-se não sei onde. Tenho indagado desde ontem, perguntei aos vizinhos, aos chacareiros, ninguém sabe nada. 
        Padeci muito; felizmente, a fadiga estava passada, e com algumas horas pude sair à varanda e ao jardim. Nem sombra de canário. Indaguei, corri, anunciei, e nada. Tinha já recolhido as notas para compor a memória, ainda que truncada e incompleta, quando me sucedeu visitar um amigo, que ocupa uma das mais belas e grandes chácaras dos arrabaldes. Passeávamos nela antes de jantar, quando ouvi trilar esta pergunta: 
        - Viva, Sr. Macedo, por onde tem andado que desapareceu? 
        Era o canário; estava no galho de uma árvore. Imaginem como fiquei, e o que lhe disse. O meu amigo cuidou que eu estivesse doudo; mas que me importavam cuidados de amigos? Falei ao canário com ternura, pedi-lhe que viesse continuar a conversação, naquele nosso mundo composto de um jardim e repuxo, varanda e gaiola branca e circular... 
        - Que jardim? que repuxo? 
        - O mundo, meu querido. 
        - Que mundo? Tu não perdes os maus costumes de professor. 
O mundo, concluiu solenemente, é um espaço infinito e azul, com o 
sol por cima. 
        Indignado, retorqui-lhe que, se eu lhe desse crédito, o mundo era tudo; até já fora uma loja de belchior... 
        - De belchior? trilou ele às bandeiras despregadas. Mas há mesmo lojas de belchior? 

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Excalibur (Caledfwlch)


Talvez essa seja a mais misteriosa de todas as espadas da literatura mundial. Suas histórias e lendas já renderam livros, filmes, jogos, desenhos e muito mais. Apesar das versões divergentes, Excalibur foi desde muito cedo ligada à mitologia do Rei Arthur, grande herói da Bretanha que teria vivido no século V.
Nos relatos mais conhecidos, Excalibur é uma espada presa a uma pedra. Sua posse daria ao lutador grandes poderes em batalha, mas apenas o legítimo herdeiro do trono poderia retirá-la.
Em As Brumas de Avalon, Excalibur é um presente da Dama do Lago, sacerdotisa de Avalon, e era acompanhada por uma bainha que protegia o usuário contra ferimentos letais.
Na trilogia Crônicas do Rei Arthur, de Bernard Cornwell, Excalibur é um dos 13 tesouros antigos da Bretanha, forjada no outro mundo e entregue por Merlin a Arthur, para ajudar a expulsar os invasores saxões.

sábado, 25 de dezembro de 2010

A criatividade dos autores presos.


Dia desses parei para pensar na criatividade dos escritores e cheguei a conclusão de que as dificuldades da prisão podem ser um grande estímulo à isso. Ou seria simplesmente o ócio?  Seja como for, algumas das grandes obras da literatura foram escritas em uma cela de prisão, e muitos autores hoje consagrados precisaram praticar seu ofício enquanto cumpriam penas.
Ainda no ano 8 A.C. o poeta romano Publius Ovidius Naso, mais conhecido por nós como Ovídio, foi banido de Roma pelo imperador Augustus. Por quê? A tradição diz que a causa era a imoralidade de seus versos. Isso é possível, porque Ovídio foi um escritor de versos eróticos muito talentoso, embora quase nunca eles fossem pornográficos. Augustus, porém, era uma pessoa puritana, e infelizmente para Ovídio, também era a pessoa mais poderosa do mundo.
E a lista foi ficando cada vez maior. Em 1298, por exemplo, o explorador Marco Pólo se tornou prisioneiro durante um ano, ao comandar uma esquadra na guerra entre Veneza e Gênova. No período em que esteve encarcerado ditou ao companheiro de cela de nome Rusticiano, os capítulos da obra o Livro das Maravilhas – A Descrição do Mundo. Marco Polo torna-se famoso. Ao sair da prisão, volta para Veneza, onde fica até a morte. No decorrer dos séculos, o Livro das Maravilhas transforma-se num clássico traduzido para inúmeras línguas.
Entre os presidiários ilustres podemos citar também romancista inglês Thomas Malory. Sua obra, A morte de Artur, um dos mais famosos romances sobre as histórias do rei Artur e os Cavaleiros da Távora Redonda, foi escrita em 1469, quando ele cumpria pena de prisão em Londres. Malory acabou morrendo por lá mesmo, em 1471, mas o livro foi publicado em 1485, rendendo a ele um reconhecimento póstumo.
Uma das maiores obras da literatura mundial, “Dom quixote“, também teve início em uma prisão. Miguel de Cervantes (acima) foi preso em 1597 em Servilha por dívidas, e começou a escrita de  seu famoso livro durante os três meses em que esteve encarcerado. Tempos depois ele se tornou prisioneiro novamente, dessa vez, dos piratas mouros, com quem viveu por cinco anos.
Entre 1717 e 1718, o filósofo Voltaire passou onze meses preso na bastilha por escrever poemas contra o regime de governo da época. Foi durante este tempo que deu início ao poema épico “Henríade”.
Em 1759 o escritor John Cleland  também estava preso por dívidas. Foi então que recebeu uma proposta irrecusável de um editor que se comprometia a pagar todos os débito e tirá-lo da prisão, se escrevesse uma novela pornográfica. Nesse momento nasceu o clássico “Fanny Hill – Memórias de Uma Mulher de Prazer”.
Mas ao longo da história, as “perversões” mais colocaram que tiraram os homens do xadrez. O Marquês de Sade (1740-1814),  por exemplo, conhecido por obras libertinas, que exploravam o prazer na dor física ou moral, escreveu várias de seus livros enquanto esteve internado em um hospício por ordem de Napoleão Bonaparte.
Em maio de 1895 – após ter passado por três julgamentos – o escritor Oscar Wilde, ftambém amoso também por suas opções sexuais, foi condenado a dois meses de trabalhos forçados sob a acusação de “cometer atos imorais com rapazes”. No livro “De Profundis”, Wilde descreveu as terríveis condições da prisão: “É sempre crepúsculo na cela, como é sempre o crepúsculo no coração“.
Outra história triste é a de Jean Genet (1910). Abandonado pela mãe na infância, entrou cedo no mundo dos crimes, indo parar em um reformatório aos 10 anos de idade. Fugiu logo em seguida e mudou de nome, continuando na vida bandida como garoto de programa e ladrão.  Foi para a prisão novamente e lá permaneceu por 13 anos, período em que iniciou sua carreira literária. Publicou em 1940 o romance “Nossa Senhora das Flores”.
Outro que pode ter se beneficiado das experiências do cárcere foi o escritor russo Dostoievski (acima). Em 1849 ele foi preso por conspirações revolucionárias. Passou 8 meses recluso e chegou a estar diante do pelotão de fuzilamento, com a venda nos olhos, quando a pena foi comutada. São posteriores a esse episódio sua maiores obras, que o transformaram em um dos maiores nomes da literatura mundial e guardam grandes influências do ocorrido, como “Memórias do Subsolo“, “Crime e Castigo“, “O Idiota” e “Os Irmãos Karamázov“.
Adolf Hitler, antes de se tornar um grande ditador, também esteve preso durante cinco anos na prisão de Landsberg. Sua prisão ocorreu em 1923 e foi durante o confinamento que nasceu o livro “Mein Kampf” (Minha Luta), obra considerada como a bíblia do Nazismo.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

O OLHO GREGO!

Acredita-se que este olho protege contra energia negativa e traz sorte. “O objeto é usado em rituais islâmicos e é curiosa a sua adoção por povos cristãos, como a Grécia e a Armênia”, esclarece Safa Jubran, professora de língua e literatura árabe da Universidade de São Paulo (USP). “Ele é encontrado em todos os países árabes, Armênia, Grécia e Irã”. É muito comum ver olhos gregos ou turcos pendurados em portas, carros ou na forma de pingentes, anéis e chaveiros. Em turco, o olho é chamado de Nazar Bancugu. Bancugu quer dizer “conta”, de rosário. A palavra Nazar, da língua árabe e emprestada pela Turquia, significa olhar, visão. Acredita-se que quando existe algum mau olhado, o olho absorve a energia e se quebra, protegendo a pessoa da negatividade. A forma mais comum do amuleto é o olho de vidro azul. Acredita-se que o mau olhado tem a cor azul, portanto o olho de vidro da mesma cor seria o mais eficaz em desviá-lo. Uma das teorias para a adoção do azul é o fato de se tratar de uma cor rara na população local, que tem, em sua maioria, olhos castanhos ou cor-de-mel. Também conhecido como o Olho que Tudo Vê, o olho turco – um único olho humano cercado por feixes de luz – é símbolo do poder observador e protetor de um Ser Supremo. Ele aparece no Grande Selo dos EUA e até em alguns símbolos da Maçonaria, onde representa o Grande Arquiteto do Universo. Função semelhante de proteção foi dada ao Olho de Horus, no Antigo Egito, e ao Terceiro Olho do Buda, na Índia. A fusão de culturas também chegou na elaboração dos amuletos. Como a região que engloba a Turquia coincide com áreas da Europa e do norte da África, onde a ferradura é usada como amuleto de proteção, na Turquia é possível encontrar uma combinação das duas. Ferraduras cobertas por pequenos olhos são as mais comuns
Fonte: pesquisa em diversos sites.
 

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Filmes e séries inspiradas por livros nacionais. (ESPECIAL)

Nada inspira a indústria cinematográfica como um bom livro. E quem  nunca saiu do cinema comparando uma obra com a outra? Começarei hoje uma série de especiais que trarão para o blog livros que deram origem a filmes e séries. Para estrear, selecionamos 7 livros de autores brasileiros.  Aproveite,  e não se esqueça de se deixar seus comentários e sugestões!

 
Livro A Hora da Estrela - Clarice LispectorA Hora da Estrela – Clarice Lispector
Clássico de Lispector, conta a história de Macabéa, uma nordestina feia, jovem e desajeitada,  sem dinheiro, sem cultura, sem identidade e sem história que vai viver em São Paulo. Deu origem a filme brasileiro de mesmo nome, filmado em 1985.
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Filme A Hora da Estrela - Clarice Lispector
Drauzio Varella - Estação CarandiruEstação Carandiru – Drauzio Varella
O dia-a-dia de um médico que atende no presídio de segurança máxima de Carandiru, convivendo com a realidade dos prisioneiros atrás das grades. Baseados em fatos reais e na experiência do próprio Drauzio Varella.
Carandiru
Elite da Tropa - Luiz Eduardo SoaresElite da Tropa – Luiz Eduardo Soares – André Baptista – Rodrigo Pimentel
Um dos filmes brasileiros mais comentados, assistidos e pirateados de todos os tempos, foi inspirado em livro do antropólogo Luiz Eduardo Soares com dois policiais. As obras mostram de forma crua as contradições daviolência, do tráfico de drogas e da polícia do Rio de Janeiro.
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postertropavi8 [Especial] Livros que inspiraram filmes e séries   Nacionais
Cidade de Deus - Paulo LinsCidade de Deus – Paulo Lins
Retrato da favela Cidade de Deus, no Rio: seus moradores, o meio criminal, a corrupção da polícia. Deu origem ao filme de Fernando Meirelles. Filme e livro “irmãos” de Carandiru.
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Cidade de Deus - Fernando Meirelles
Dom Casmurro - Machado de AssisDom Casmurro – Machado de Assis
Uma das obras máximas da literatura brasileira, e obra prima do autor, leitura indispensável para qualquer um. Recentemente a rede globo filmou uma microsérie baseada no romance.
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Capitu - Minisérie Brasileira
Cazuza - Lucinha Araújo
Cazuza – Só as Mães são Felizes – Lucinha Araújo
Sob a forma de depoimento, Lucinha Araujo narra a vida e os conflitos de seu filho Cazuza, um dos maiores nomes do rock brasileiro. Através das obras acompanhamos não só o dia-a-dia de Cazuza, mas de toda uma época, juntamente com outros inportantes nomes da música brasileira.
Cazuza - O Tempo não para - Filme
olga2tz6 [Especial] Livros que inspiraram filmes e séries   NacionaisOlga – Fernando Morais
Narra a história da judia alemã Olga Benário Prestes (1908-1942). Militante comunista desde jovem, Olga é perseguida pela polícia e foge para Moscou, onde faz treinamento militar. É encarregada de acompanhar Luís Carlos Prestes ao Brasil para liderar a Intentona Comunista de 1935, se apaixonando por ele na viagem. Livro escrito por Fernando Morais, filme dirigido por Jaime Monjardim.
                                                Crétidos ao BlogEbooks.
olga1vd9 [Especial] Livros que inspiraram filmes e séries   Nacionais

ESPANQUEMOS OS POBRES - BAUDELAIRE

ESPANQUEMOS OS POBRES
 
 
 Durante quinze dias eu me enclausurara no meu quarto e cercara-me dos livros em moda naquele tempo (há dezesseis ou dezessete anos); refiro-me aos livros que tratam da arte de tornar os povos felizes, discretos e ricos em vinte e quatro horas. Tinha, pois, digerido - engolido, quero dizer - todas as elucubrações de todos esses empreendedores da felicidade pública - daqueles que aconselham todos os pobres a fazerem-se escravos, e daqueles que os persuadem de que todos eles são reis destronados. Não é, pois, de surpreender me achasse num estado de espírito vizinho da vertigem ou da estupidez.
Parecera-me somente que eu sentia, confinado no fundo de meu intelecto, o germe obscuro de uma idéia superior a todas as fórmulas da curandeira de que eu havia recentemente percorrido o dicionário. Isso, porém, era a idéia de uma idéia, alguma coisa infinitamente vaga.
E sai com muita sede. O gosto apaixonado das más leituras engendra uma necessidade proporcional de ar livre e de refrigerantes.
Ia entrando numa taberna, quando um mendigo me entendeu o chapéu, com um desses olhares inesquecíveis que derrocariam os tronos, se o espírito movesse a matéria e se o olho de um magnetizador fizesse amadurecer as uvas.
Ao mesmo tempo, ouvi uma voz cochichar-me ao ouvido, uma voz que reconheci perfeitamente: era a de um Anjo bom, ou de um bom Demônio, que me acompanha por toda parte. Pois se o Sócrates tinha o seu bom Demônio, por que não se haveria de eu ter o meu Anjo bom, e por que não haveria de ter a honra, como Sócrates, de obter o meu diploma de loucura, assinado pelo sutil Lélut e pelo atilado Baillarger?
Entre o Demônio de Sócrates e o meu há esta diferença; o de Sócrates não se lhe manifestava senão para defender, advertir, impedir; e o meu se digna de aconselhar, sugerir, persuadir. O pobre Sócrates não tinha mais que um Demônio proibidor; o meu é um grande afirmador, o meu é um Demônio em ação, ou Demônio de combate.
Ora, a sua voz me cochichava isto:
- Só é igual a outro aquele que disso dá prova, e só é digno da liberdade aquele que sabe conquistá-la.
Imediatamente me atirei sobre o meu mendigo. Com um só morro lhe tapei um dos olhos, que se tornou, num segundo, do tamanho de uma bola. Quebrei uma das unhas rebentando-lhe dois dentes, e, como não sentisse bastante forte - pois sou frágil de natureza e não me exercitei bem no boxe - para moer de pancadas aquele velho, segurei-o com uma das mãos pelo colete e com a outra agarrei-o pela garganta, e pus-me a sacudir-me vigorosamente a cabeça de encontro a uma parede. Devo confessar que naquele subúrbio deserto eu me encontrava, por um espaço de tempo bastante longo, fora do alcance de qualquer agente de polícia.
Depois, com um pontapé nas costas, bastante vigoroso para fraturar-lhe a omoplata, prostei por terra o alquebrado sexagenário, e, apoderando-me de um grosso galho de árvore que se arrastava pelo chão, fustiguei-o com a energia obstinada dos cozinheiros que querem amolecer um bife.
Súbito - ó milagre! ó alegria do filósofo que comprova a excelência da sua teoria! - vi aquela carcaça voltar-se, endireitar-se com um vigor que eu jamais teria presumido em máquina tão singularmente desconjuntada, e, com um olhar de ódio que se me afigurou de bom augúrio, o malandro decrépito investiu contra mim, contundiu-me sob os dois olhos, quebrou-me quatro dentes, e com o mesmo galho de árvore me bateu de rijo. Com a minha enérgica medicação eu lhe restituíra o orgulho e a vida.
Então, fiz-lhe compreender, por meio de muitos sinais, que dava por encerrada a contenda, e, erguendo-me com a satisfação de um sofista do Pórtico, disse-lhe:
- O senhor é igual a mim! Dê-me a honra de partilhar da minha bolsa; e, se realmente é filantropo, lembre-se que é necessário aplicar a todos os seus confrades, quando lhe pedirem esmola, a teoria que eu tive a dor de experimentar nas suas costas.
Ele jurou-me que havia compreendido a minha teoria, e que ouviria os meus conselhos.
                                                          
                                                                                                                Charles Baudelaire

Visões de amores: Dante Vs Donne.



Elegia: Indo para o leito

Vem, Dama, vem que eu desafio a paz;
Até que eu lute, em luta o corpo jaz.
Como o inimigo diante do inimigo,
Canso-me de esperar se nunca brigo.
Solta esse cinto sideral que vela,
Céu cintilante, uma área ainda mais bela.
Desata esse corpete constelado,
Feito para deter o olhar ousado.
Entrega-te ao torpor que se derrama
De ti a mim, dizendo: hora da cama.
Tira o espartilho, quero descoberto
O que ele guarda quieto, tão de perto.
O corpo que de tuas saias sai
É um campo em flor quando a sombra se esvai.
Arranca essa grinalda armada e deixa
Que cresça o diadema da madeixa.
Tira os sapatos e entra sem receio
Nesse templo de amor que é o nosso leito.
Os anjos mostram-se num branco véu
Aos homens. Tu, meu anjo, és como o Céu
De Maomé. E se no branco têm contigo
Semelhança os espíritos, distingo:
O que o meu Anjo branco põe não é
O cabelo mas sim a carne em pé.
Deixa que minha mão errante adentre.
Atrás, na frente, em cima, em baixo, entre.
Minha América! Minha terra a vista,
Reino de paz, se um homem só a conquista,
Minha Mina preciosa, meu império,
Feliz de quem penetre o teu mistério!
Liberto-me ficando teu escravo;
Onde cai minha mão, meu selo gravo.
Nudez total! Todo o prazer provém
De um corpo (como a alma sem corpo) sem
Vestes. As jóias que a mulher ostenta
São como as bolas de ouro de Atalanta:
O olho do tolo que uma gema inflama
Ilude-se com ela e perde a dama.
Como encadernação vistosa, feita
Para iletrados a mulher se enfeita;
Mas ela é um livro místico e somente

A alguns (a que tal graça se consente)
É dado lê-la. Eu sou um que sabe;
Como se diante da parteira, abre-
Te: atira, sim, o linho branco fora,
Nem penitência nem decência agora.
Para ensinar-te eu me desnudo antes:
A coberta de um homem te é bastante.

 

John Donne

Comparação e retratação das visões de amores postas em Elegia indo para o leito de John Donne, com Vida Nova de Dante:



Comparando as visões de amores postas em Vida Nova de Dante Alighieri e em Elegia indo para o leito de John Donne, temos diferentes conceituações sobre o que é, e do que se compõe o amor.
Segundo Dante em Vida Nova o amor pressupõe algo sagrado e simbólico, ou seja, não precisaria ter um contato físico para senti-lo, pois era um amor platônico onde bastava ver a amada para desposasse em amor.
 É sabido por nós que Dante amava incondicionalmente Beatriz, e ainda, à endeusava considerando seu escudo de amor, ele a caracterizava também, como uma pessoa pura, gentil e amável, chegando por muitas vezes chamá-la de santa: “cumprimentou-me tão virtuosamente que, naquela saudação, julguei ver todas as expressões da santidade” Logo, para ele, o amor seria espiritual e divino.
Em contra partida, temos John Donne pressupondo no poema Elegia: indo para o leito, que não há amor sem corpo, e que o contato físico faz parte do processo. Ele atribui um caráter sagrado a coisas que são profanas, ou seja, sacraliza o ato do sexo.  Isto é percebido no fragmento em que ele diz: “tira os sapatos e entra sem receio nesse templo de amor que é o nosso leito”, ou seja, ele faz uma paródia, pois quando diz “templo de amor”, está fazendo uma alusão à cama.
Com ênfase, podemos ressaltar ainda, a subversão do sacro feita por Donne, isto é, revolucionar a visão do amor santo. E para dar exemplo a está interpretação da subversão, pode ser citado o seguinte fragmento: “o que o meu anjo branco põe não é o cabelo, mas sim a carne em pé”.

SILVA, Rosana de Fátima. Visões de amores: Dante Vs Donne. Mariana (MG), 2010.

Figurações do Amor em Vida Nova de Dante: análise crítica

 O amor é um sentimento conhecido por todos, sentidos por muitos, e entendido como essência divina. Seria impossível descrevê-lo sem citar Dante Alighieri, escritor de Vida Nova, uma história que narra o amor e a capacidade de amar incondicionalmente.
Apaixonando-se por Beatriz, filha de Folco Portinari, um nobre da cidade de Florença na Itália, Dante sente o amor sublime e platônico, cita as palavras de Homero e diz que Beatriz “não parecia filha de gente mortal, mas de um deus”.
A narrativa começa pelo primeiro encontro de Dante com a amada, quando ambos tinham nove anos (o numero nove encontra-se tão favorável na narrativa devido ao seu caráter milagroso segundo a verdade crista e a Ptolomeu) e Dante o descreve no seguinte fragmento: “dali em diante, o Amor tomou conta da minha alma, que logo se dispôs a desposá-lo: em relação a mim, foi ganhando tanta firmeza que poderia, pela virtude que lhe transmitia a minha imaginação, que nada mais me restava se não atender aos seus menores desejos”. E o segundo encontro, exatamente nove anos depois, onde relata “passando por uma rua, volveu os olhos para a direção onde eu me encontrava a tremer: graças, porém, a sua gentileza inefável, que hoje é louvada na vida eterna, cumprimentou-me tão virtuosamente que, naquela saudação, julguei ver todas as expressões da santidade”.
Nessa ocasião, ele tem uma visão portentosa e alegórica, numa combinação inextricável de alegria e angústia, doçura e terror no qual vê o deus "Amor", que traz Beatriz em seus braços. O deus "Amor" também tem nas mãos o coração de Dante, dando-o a Beatriz, “já era àquela hora em que, ao leito, se recolhem todos, menos o céu  antigo, com seus astros, quando me vi sujeito ao vulto de um Amor  quase inimigo. Afetava  alegria, ao comprimir meu coração na mão, tendo nos braços minha senhora, em panos, a dormir”. Nesta visão pode-se notar  um máximo de complexidade cheio de metáforas, sendo um amor quase inimigo nesta primeira aparição.
Com ênfase, Dante cita Beatriz como virtude tão nobre capaz de mudar seus conceitos baseados na razão, dizendo “revestia-se ela de uma virtude tão nobre que jamais consenti que o Amor de mim se apossasse sem o fiel conselho da razão, naquelas coisas onde fosse conveniente ouvi-la”, ou seja, acima de tudo ela era um exemplo da santidade.
Contudo, o amor exposto em Vida Nova por Dante é um amor platônico, ele só precisava ver Beatriz.  Sente por ela um amor divino e sublime, totalmente espiritual que o faça ter forças suficientes para mesmo depois da morte de sua amada, continuar vivendo e continuar amando.  Não há dúvidas de que, quanto mais o amor se eleva tanto mais se aperfeiçoa, até chegar ao grande amor, ao amor único que se torna divino.
O interessante em Vida Nova em relação à figuração do amor, é que este aparece de uma forma diferente com uma “elevação” dos sentimentos, ou seja, de uma forma mais forte, pura e platônica. Sendo assim, o que difere o amor de Dante do resto das pessoas é o exagero nele contido.  Há de se ressaltar, no entanto, que o deus Amor só aparece na visão do sono de Dante, e não na vida real.
Dante não vê Beatriz como uma mulher que possa ser tocada, ele a coloca como símbolo do amor divino e a exalta chamando de beautitude nobilíssima, fazendo assim, referencias à algo puro que não pode ser comparado.

“Vida Nova nos remete três pontos importantes em relação ao amor: memória, morte e segredo”

Primeiramente, ao contrario dos gregos que para perpetuar na história morriam em prol das batalhas, Dante diferenciou e nos deixou como memória sua obra. Com efeito, ele inovou.
A morte seria o caminho para a vida eterna, é representada no ligamento deste amor à morte, passando por um aumento espiritual. E por ultimo, o segredo nos lembra os trovadores das cantigas de amor que não revelavam o nome da mulher amada. Diferentemente de Dante, eles enfraqueciam por não ver a mulher. Dante não cita o nome de Beatriz, pois a considera sublime e o fato dele não vê-la, devido à morte, o torna forte, e o faz começar uma nova vida.
            Por fim, o que mais impressiona na obra de Dante, do ponto de vista do poeta é a seriedade no modo de considerar o Amor, pois ele tem a concepção do amor perfeito. Para ele, o amor em si, não se resume a inteligência ou a qualquer definição física, e sim a uma espiritualidade de sentimentos que são sentidos intensamente.
            No final do livro, Dante pede a Deus que sua vida dure alguns anos mais para continuar exaltando e amando Beatriz, e dizer dela o que jamais foi dito de mulher alguma.
                Concluindo, as figurações de Amor em Vida Nova passam por uma progressão importante, já que, em primeira instancia o Amor causa um certo espanto, depois pressupõe uma árdua jornada para a salvação e enfim,  o Amor vem renovado e equilibrado, dissolvendo-se no próprio Dante. 

SILVA, Rosana de Fátima. Figurações do Amor em Vida Nova de Dante: análise critica. Mariana(MG), 2010.

ODE SOBRE UMA URNA GREGA: ANÁLISE CRÍTICA





I

Inviolada noiva de quietude e paz,
Filha do tempo lento e da muda harmonia,
Silvestre historiadora que em silêncio dás
Uma lição floral mais doce que a poesia:
Que lenda flor-franjada envolve tua imagem
De homens ou divindades, para sempre errantes.
Na Arcádia a percorrer o vale extenso e ermo?
Que deuses ou mortais? Que virgens vacilantes?
Que louca fuga? Que perseguição sem termo?
Que flautas ou tambores? Que êxtase selvagem?


II

A música seduz. Mas ainda é mais cara
Se não se ouve. Dai-nos, flautas, vosso tom;
Não para o ouvido. Dai-nos a canção mais rara,
O supremo saber da música sem som:
Jovem cantor, não há como parar a dança,
A flor não murcha, a árvore não se desnuda;
Amante afoito, se o teu beijo não alcança
A amada meta, não sou eu quem te lamente:
Se não chegas ao fim, ela também não muda,
É sempre jovem e a amarás eternamente.

III

Ah! folhagem feliz que nunca perde a cor
Das folhas e não teme a fuga da estação;
Ah! feliz melodista, pródigo cantor
Capaz de renovar para sempre a canção;
Ah! amor feliz! Mais que feliz! Feliz amante!
Para sempre a querer fruir, em pleno hausto,
Para sempre a estuar de vida palpitante,
Acima da paixão humana e sua lida
Que deixa o coração desconsolado e exausto,
A fronte incendiada e língua ressequida.

IV

Quem são esses chegando para o sacrifício?
Para que verde altar o sacerdote impele
A rês a caminhar para o solene ofício,
De grinalda vestida a cetinosa pele?
Que aldeia à beira-mar ou junto da nascente
Ou no alto da colina foi despovoar
Nesta manhã de sol a piedosa gente?
Ah, pobre aldeia, só silêncio agora existe
Em tuas ruas, e ninguém virá contar
Por que razão estás abandonada e triste.

V

Ática forma! Altivo porte! em tua trama
Homens de mármore e mulheres emolduras
Como galhos de floresta e palmilhada grama:
Tu, forma silenciosa, a mente nos torturas
Tal como a eternidade: Fria Pastoral!
Quando a idade apagar toda a atual grandeza,
Tu ficarás, em meio às dores dos demais,
Amiga, a redizer o dístico imortal:
"A beleza é a verdade, a verdade a beleza"
— É tudo o que há para saber, e nada mais.
Segue abaixo análise crítica e literária escrita por
 Rosana de Fátima Silva.
                Ode sobre uma urna Grega de Keats é um dos famosos poemas românticos ingleses que foi escrito durante o período literário romântico. O poema representa formas de registrar a imaginação humana que, por sua vez, é estimulada pelos mistérios do mundo e por uma eterna busca pela beleza perfeita, e, além disso, ele expressa a arte na antigüidade.
         Antes de tudo, gostaria de ressaltar aqui, que ao começar a ler o poema de John keats pela primeira vez, eu poderia jurar que se tratava de uma descrição de características, especificadamente relacionado a alguma presença feminina, se é possível assim dizer, e que de certa forma eu não encontrava seu sentido. Entretanto, ao analisarmos em sala de aula a frase “ode sobre uma urna grega”, que, diga-se de passagem, não fazer parte do poema, mas mesmo assim o pertencer, de fato fez-se sentido o que era proposto por Keats.
         Precipuamente fiz necessário entender que a palavra Ode diz respeito a poemas nos quais alguém dirige a coisas da natureza como se fossem coisas humanas, como por exemplo, o que Dante faz no capítulo 25 em Vida Nova, quando o Amor deixa de ser um sentimento natural e passa a ser um acidente de substancias; um Amor como pessoa.
         Por conseguinte, urnas gregas são vasos que guardam cinzas de alguém que morreu. Em urnas há imagens baseadas na mitologia greco-romana que estão ali para demonstrar a cultura e a síntese da vida de alguém, ou seja, os desenhos reúnem informações que só com muita imaginação é possível interpretá-las.        Significaria que Ode sobre uma urna Grega seria um poema sobre morte, mas não é. Na verdade, o poema é sobre as imagens pintadas no vaso que estimula nossa criatividade deixando fluir pensamentos livres enquanto as imagens são observadas. Daí a preposição ode SOBRE uma urna grega, pois o poema faz ode sobre as imagens contidas na urna e não ode a ela em si.
         Sendo um poema de V estrofes, na III e na IV, alguém conversa, curiosamente, com a urna, fazendo perguntas como se houvesse possibilidade de ouvir as respostas:      

“[...] Que homens ou deuses são estes? Que donzelas relutantes? Que louca perseguição? Que luta para escapar? Que flautas e pandeiros? Que desvairado êxtase?” (I estrofe)

Quem são esses que chegam para o sacrifício? A que verde altar, ó misterioso sacerdote, conduzes tu aquela novilha que muge aos céus, com suas sedosas ilhargas ornadas de grinaldas? [...]” (IV estrofe)
        

         Neste momento, a pessoa representa a atração do ser humano à beleza e ao desconhecido. Como se quisesse alcançar o sentido de uma imagem, sem conseguir;

“Posto que te aproximes do alvo - mas não te lamentes; ela não pode esvaecer-se, ainda que não alcances tua felicidade, para sempre haverás de amar, e ela será bela!”

         Indubitavelmente, o tema da eternidade esta explícito nos versos de Ode sobre uma urna grega. Na estrofe III, a palavra forever (para sempre) é repetida várias vezes, em outras palavras, forever diz respeito ao sentimento de ciúmes que a pessoa coloca sobre a eternidade das imagens, além disso, dei-me conta de que, essa eternidade não vive e não sente nada, é como pedra. Por outro lado, essas imagens eternas, duras e frias quando cuidadosamente organizadas -pintadas - quero dizer, podem emanar energia e também aguçar a imaginação humana.
         Decerto, como já sabido, o poema não é consumado, e é talvez por isso que ele estimule tanto a imaginação humana. As pessoas são atraídas pelo desconhecido e pela beleza das imagens, pois são desafiadas a compreender algo “inacessível”. Algo como um mito.
         Com ênfase, o mito grego contido no poema é “amplo”. Pode ser contado e recontado, lido e relido, milhões de vezes, em um grande número de maneiras diferentes, de todas as análises possíveis. O que não é possível é separar arte, história e religião, quando se fala em mito. Aliás, muitos trabalhos de arte grega, eram oferendas aos deuses em uma tentativa de aproximação.
         Se um mito pressupõe a imaginação tentando explicar ou compreender a realidade, e a humanidade sempre esteve preocupada com a beleza, vida e morte, bem como com o desconhecido e com o tempo, e se essas são características do período romântico, pode-se afirmar que a humanidade em geral é romântica. Sendo a poesia feita através da imaginação, Keats não teria melhor maneira de transpor verbalmente a aparência sensível da urna como fez neste poema.
         A poesia de Keats é caracterizada por um imaginário sensual, visível em suas odes. Para exemplificar, digamos em primeiro lugar que, o poema é uma tentativa de prescrever as imagens juntamente com uma conversa irônica; uma vez que a urna não responda as perguntas. Também é visto uma perseguição que pode significar muitas coisas, como por exemplo, um carnaval, um ritual e etc. Na II estrofe, tem-se a idéia das canções insonoras, ou seja, havia na urna desenhos de flautas e pandeiros, e evidentemente não transmitiam som, John então enfatizou que melodias ouvidas são doces, mas as não ouvidas são ainda mais. Logo após, na III estrofe, vê-se ramos e folhas que compõem uma primavera sem fim, assim como as canções e o amor que estão ali ilustrados. Na penúltima estrofe, Keats começa a fazer especulações sobre a urna e descreve uma espécie de sacrifício que esta prestes a acontecer: “Quem são estes que chegam para o sacrifício? A que verde altar, ó misterioso sacerdote, conduzes tu aquela novilha que muge aos céus, com suas sedosas ilhargas ornadas de grinaldas?” Em outras palavras, muge aos céus dar-se uma sensação de que há um animal pedindo por socorro.
         Enfim, na V e última estrofe, Keats volta à questão do eterno dizendo que quando a velhice destruir as gerações, a urna continuará sendo uma “amiga do homem”, e ainda termina o poema não só descrevendo à verdade como bela, mas também infundindo sentido a vida, dizendo: “A beleza é a verdade, a verdade a beleza – eis tudo que sabeis na terra, e tudo que precisais saber”. E na verdade, isso é belo e realmente, é tudo.


SILVA, Rosana de Fátima. Ode sobre uma urna Grega: análise crítica. Mariana (MG), 2010.

 

Os 100 MELHORES livros da LITERATURA mundial

"Todo conhecimento espiritual
tem origem na leitura"
Santo Isidoro.



1. Ilíada, Homero
2. Odisséia, Homero
3. Hamlet, William Shakespeare
4. Dom Quixote, Miguel de Cervantes
5. A Divina Comédia, Dante Alighieri
6. Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust
7. Ulysses, James Joyce
8. Guerra e Paz, Leon Tolstoi
9. Crime e Castigo, Dostoiévski
10. Ensaios, Michel de Montaigne
11. Édipo Rei, Sófocles
12. Otelo, William Shakespeare
13. Madame Bovary, Gustave Flaubert
14. Fausto, Goethe
15. O Processo, Franz Kafka
16. Doutor Fausto, Thomas Mann
17. As Flores do Mal, Charles Baldelaire
18. Som e a Fúria, William Faulkner
19. A Terra Desolada, T.S. Eliot
20. Teogonia, Hesíodo
21. As Metamorfoses, Ovídio
22. O Vermelho e o Negro, Stendhal
23. O Grande Gatsby, F. Scott Fitzgerald
24. Uma Estação No Inferno,Arthur Rimbaud
25. Os Miseráveis, Victor Hugo
26. O Estrangeiro, Albert Camus
27. Medéia, Eurípedes
28. A Eneida, Virgilio
29. Noite de Reis, William Shakespeare
30. Adeus às Armas, Ernest Hemingway
31. Coração das Trevas, Joseph Conrad
32. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley
33. Mrs. Dalloway, Virgínia Woolf
34. Moby Dick, Herman Melville
35. Histórias Extraordinárias, Edgar Allan Poe
36. A Comédia Humana, Balzac
37. Grandes Esperanças, Charles Dickens
38. O Homem sem Qualidades, Robert Musil
39. As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift
40. Finnegans Wake, James Joyce
41. Os Lusíadas, Luís de Camões
42. Os Três Mosqueteiros, Alexandre Dumas
43. Retrato de uma Senhora, Henry James
44. Decameron, Boccaccio
45. Esperando Godot, Samuel Beckett
46. 1984, George Orwell
47. Galileu Galilei, Bertold Brecht
48. Os Cantos de Maldoror, Lautréamont
49. A Tarde de um Fauno, Mallarmé
50. Lolita, Vladimir Nabokov
51. Tartufo, Molière
52. As Três Irmãs, Anton Tchekov
53. O Livro das Mil e uma Noites
54. Don Juan, Tirso de Molina
55. Mensagem, Fernando Pessoa
56. Paraíso Perdido, John Milton
57. Robinson Crusoé, Daniel Defoe
58. Os Moedeiros Falsos, André Gide
59. Memórias Póstumas de Brás Cubas, Machado de Assis
60. Retrato de Dorian Gray, Oscar Wilde
61. Seis Personagens em Busca de um Autor, Luigi Pirandello
62. Alice no País das Maravilhas, Lewis Caroll
63. A Náusea, Jean-Paul Sartre
64. A Consciência de Zeno, Italo Svevo
65. A Longa Jornada Adentro, Eugene O’Neill
66. A Condição Humana, André Malraux
67. Os Cantos, Ezra Pound
68. Canções da Inocência/ Canções do Exílio, William Blake
69. Um Bonde Chamado Desejo, Teneessee Williams
70. Ficções, Jorge Luis Borges
71. O Rinoceronte, Eugène Ionesco
72. A Morte de Virgilio, Herman Broch
73. As Folhas da Relva, Walt Whitman
74. Deserto dos Tártaros, Dino Buzzati
75. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez
76. Viagem ao Fim da Noite, Louis-Ferdinand Céline
77. A Ilustre Casa de Ramires, Eça de Queirós
78. Jogo da Amarelinha, Julio Cortazar
79. As Vinhas da Ira, John Steinbeck
80. Memórias de Adriano, Marguerite Yourcenar
81. O Apanhador no Campo de Centeio, J.D. Salinger
82. Huckleberry Finn, Mark Twain
83. Contos de Hans Christian Andersen
84. O Leopardo, Tomaso di Lampedusa
85. Vida e Opiniões do Cavaleiro Tristram Shandy, Laurence Sterne
86. Passagem para a Índia, E.M. Forster
87. Orgulho e Preconceito, Jane Austen
88. Trópico de Câncer, Henry Miller
89. Pais e Filhos, Ivan Turgueniev
90. O Náufrago, Thomas Bernhard
91. A Epopéia de Gilgamesh
92. O Mahabharata
93. As Cidades Invisíveis, Italo Calvino
94. On the Road, Jack Kerouac
95. O Lobo da Estepe, Hermann Hesse
96. Complexo de Portnoy, Philip Roth
97. Reparação, Ian MacEwan
98. Desonra, J.M. Coetzee
99. As Irmãs Makioka, Junichiro Tanizaki
100 Pedro Páramo, Juan Rulfo
Quantos livros tem no mundo? O Google sabe.




SÃO PAULO – Quantos livros já foram publicados na história moderna? Segundo cálculos do Google, o número seria 130 milhões de livros, ou 129.864.880 para ser exato. O gigante das buscas estimou o dado justamente para saber quantos livros precisa escanear a fim de tornar o Google Books a maior e mais completa biblioteca online.
Para chegar ao número, o Google usou definições de livros de diferentes órgãos, como o do ISBN (International Standard Book Numbers),  da Biblioteca do Congresso Americano e do site de buscas de livros WorldCat.
Segundo post publicado no blog Inside Google Books, eles chegaram a definição de um “tome”, que pode ser definido como um volume ou livro grosso. Um “tome” pode possuir milhares de cópias, como um best-seller, ou apenas algumas cópias raras. Edições diferenciadas de uma mesma obra, como capa-dura e papel simples, foram contadas duas vezes.
O número inicial estimado foi de 210 milhões. O primeiro passo do Google foi remover esboços, gravações de áudio, mapas, vídeos com ISBNs, entre outros. Dessa forma, o número caiu para 146 milhões. Na sequência, a empresa removeu 16 milhões de documentos governamentais, chegando aos 129 milhões.
O Google finaliza o post dizendo que o número pode mudar, assim que o sistema de algoritmo que o calculou se tornar mais inteligente. A empresa não informa quando pretende concluir a tarefa.
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Fiquemos com a resposta da maior autoridade no mundo, a UNESCO. Para o setor da ONU que cuida de educação e cultura, só há leitura onde: 1) ler é uma tradição nacional, 2) o hábito de ler vem de casa e 3) são formados novos leitores. O problema é antigo: muitos brasileiros foram do analfabetismo à TV sem passar na biblioteca. Para piorar, especialistas culpam a escola pela falta de leitores. ” Os professores costumam indicar clássicos do século 19, maravilhosos, mas que não são adequados a um jovem de 15 anos”, diz Zoara Failla, do Instituto Pró Livro. “Apresentado só a obras que considera chatas, ele não busca mais o livro depois que sai do colégio.” Muitos educadores defendem que o Brasil poderia adotar o esquema anglo-saxão, em que os clássicos são um pouco mais próximos, dos anos 50 e 60, e há menos livros, que são analisados a fundo. mas aí teria de mudar o vestibular, e isso já é outra história.
Raphael Soeiro – Revista Super Interessante – edição 284 – novembro 2010