quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O PODER DA LITERATURA.


       Os grandes escritores, romancistas levam-nos por caminhos que nunca pensámos que existissem para além da nossa própria imaginação ou desejo. Quando tomamos contacto com essas experiências relatadas por outrem, isso dá-nos a esperança de que realmente seja possível viver assim.
      As paixões são arrebatadora, os comentários mordazes e os motivos que levam ao comportamento de determinadas personagens são complexos e repletos de dúvidas ou convicções existencialistas, nuns casos, ou sentimentalistas, noutros. Absorvemos esses relatos e, por um momento, chegamos a acreditar que o mundo podia realmente ser assim: dramáticos, belo, fatalista e cheio de oportunidades aparentemente impossíveis de alcançar. Por um momento, acreditamos que as relações humanas são realmente implacáveis e capazes de nos fazer agir contra todas as convenções humanas, sociais ou religiosas.
     (In)felizmente, a vida não acontece como vem nos livros: as relações humanas são voláteis, muitas vezes não deixam marcas de relevo, e hoje em dia tudo se passa de uma forma muito mais prática. Reduzem-se as complicações e o drama, deixa-se de lado o sonho e a loucura. Vivemos num mundo, na verdade, aparentemente bem mais simples que o dos livros. Mas não será simultaneamente menos interessante?
     A literatura tem o poder de nos guiar por caminhos tão tortuosos como encantadores, e quando voltamos à realidade, experimentamos um misto de desilusão e alívio, por sabermos que na verdade o dia-a-dia consegue ser muito mais simples.

SILVA, Rosana de Fátima. O poder da literatuta. Mariana (MG), 2010.

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